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Vício do Poder

Artigo de opinião de Pedro Reis

Num almoço em que estive recentemente, com um grupo de amigos, um deles falava, a propósito de uma personalidade local, de a mesma ser “viciada no poder”. Seria essa a razão para não abandonar o cargo que ocupa, apesar de, desde há muito tempo, não ter as mínimas condições, pelo menos éticas, para o ocupar.

E eu concordei com esse amigo tanto mais que, tal personalidade, por estar bem na vida, por não precisar da política para a sua subsistência ou da sua família, não tinha necessidade de se expor ao vexame pelo qual vem passando.

Curiosamente, percebi que esse “vício” não é um exclusivo dessa personalidade. Outras há que, localmente, padecem da mesma dependência.

Claro que, este problema vem sempre aliado a outro muito mais grave, que tem a ver com a falta de sentido ético-político ou de consistência ideológica e intelectual. Fala-se muito, a este propósito, da ética republicana. Outros há que, de forma mais prosaica, prefiram denominar esta questão de “falta de coluna vertebral” ou de “falta de vergonha na cara”. Eu, apelidado que sou de “doutor do porta nova”, prefiro a definição do meu amigo. Senão vejamos:

Como é que se explica que alguém que é militante de um partido, concorre por outro partido, é expulso do partido de que era militante, deixa o partido pelo qual foi eleito para fazer um acordo com o partido de que foi expulso, aparece na campanha a apoiar o partido adversário do seu antigo partido e, agora, vai ser candidato pelo partido que o expulsou!!! Percebeu alguma coisa, caro leitor? Pois eu também não...

E aqueles casos em que o militante de um partido, demite-se desse partido, concorre por dois partidos/movimentos diferentes (em momentos distintos, vá), e volta ao partido de origem arrogando-se como verdadeiro defensor da ideologia desse partido? Pois...

Ou aqueles casos em que alguém é militante de um partido, diz que saiu do seu partido, faz toda a campanha pelo partido adversário, enxovalhando os candidatos do partido de que era militante, congratula-se com a vitória do partido que era adversário do seu, e, afinal, não só não se demitiu do seu partido original, como aparece, com todo o descaramento, nos órgãos desse partido, arrogando-se, também este, como sendo um dos verdadeiros defensores do seu partido... (espero não ter perdido o leitor)

E os casos de dupla militância no partido do poder e no da oposição e vice-versa?! (pronto, parei)

Havia um reclame a um desodorizante que dizia “isto é impulse”. Na política local, para não ser acintoso, cito o meu amigo com “isto é vício do poder”!

E depois eu é que sou um chato e tenho de estar calado para não prejudicar a união do partido. Para quem não percebeu ou não quer perceber: 

NÃO SOMOS TODOS IGUAIS!

Opinião

Pedro Reis
06 de Abr de 2023 0

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