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“Não estamos vocacionados para a competição, somos um clube social”

Jorge Carvalho, presidente da Associação Barcelense de Actividades Subaquáticas

Nova direcção da Associação Barcelense de Actividades Subaquáticas quer mais interactividade com a população. Uma filosofia que pressupõe a abertura da sede aos barcelenses e actividades voltadas para a comunidade.

Jorge Carvalho, 48 anos, mergulhador há 14, voltou à liderança da Associação Barcelense de Actividades Subaquáticas (ABAS) em Janeiro deste ano, a pedido dos sócios. Eleito por unanimidade, neste terceiro mandato o empresário espera fortalecer a interactividade com a comunidade local. Uma estratégia de afirmação e uma forma de aproximação aos barcelenses. Fundada em 1994, a ABAS é referência a nível nacional, apresentando uma alargada lista de sócios, que já ultrapassa as três centenas. Além de congregar os praticantes de mergulho e de promover a modalidade no Norte do país, a associação também se preocupa com a preservação do meio marinho.

O que foi feito desde a tomada de posse?
Fizemos o plano de actividades para 2009, agora estamos a remodelar a sede em Barcelos. Queremos colocar uma das nossas salas à disposição da comunidade barcelense, por um preço simbólico. É um espaço com 20 lugares sentados, mesa de apoio, Internet, projector e ecrã de porcelana, é uma pena estar parado.

Há novidades no plano de actividades?
Há a hipótese de fazermos, pela primeira vez, um mergulho em Cabo de Palos, Múrcia, Espanha. Também queremos mergulhar junto à Ilha do Pessegueiro, em Porto Covo, uma zona que ainda não conhecemos. A internacionalização da Caça ao Tesouro também é novidade, além de que há a possibilidade de aumentar o número de equipas.

Quais são os principais projectos?
Queremos dinamizar mais a sede, abri-la à comunidade e a todos os sócios, mesmo os mais inactivos. Quanto às saídas de mergulho, pensamos apostar mais na qualidade, em vez da quantidade. A ideia é as que fizermos fazê-las em grande. Pretendemos ainda promover novos cursos e uma exposição ao ar livre sobre o “Mar”, em que todos os barcelenses podem participar com fotografias e textos.

Barcelos fica a 16 km do mar, ainda assim o ABAS é uma das associações mais fortes do país. Porquê?
Porque fomos pioneiros no Norte do país. A primeira direcção fez uma projecção muito forte do clube para fora dos limites do concelho, o que trouxe muitos sócios.

O mergulho é um desporto caro?
É relativo. O curso tem um custo inicial, como qualquer hobbie, que anda à volta dos 300 euros, depois depende do que cada um pretenda gastar. Se o orçamento for mais limitado, há sítios maravilhosos e acessíveis aqui perto para mergulhar, como “Os Cavalos” de Fão, as “Caldeiras” em Esposende ou as Rias de Vigos.

Como estão em termos de apoios?
O ABAS vive sem subsídios da Câmara, mas também não se candidata. Vivemos basicamente das quotas dos sócios.

É possível mergulhar sem curso?
Não, isso é a mesma coisa que andar de carro sem estar habilitado para tal. Para isso, pensamos falar com a Empresa Municipal de Educação e Cultura a ver se é possível alugar a piscina fora do horário de funcionamento a fim de promovermos baptismos de mergulho. Queremos dar a experimentar, em espaço protegido, a sensação de estar debaixo de água, a ver se as pessoas se sentem bem e se gostam.

Pode ser perigoso?
Por vezes, confunde-se o mergulho com a apneia, que é a suspensão da respiração debaixo de água. A apneia, quando não se respeitam as regras, pode ser perigosa, é usada na caça submarina. O mergulho propriamente dito exige o uso de escafandro, não considero nada perigoso.

Porquê só mergulho de lazer?
É uma opção, o ABAS não está vocacionado para competir, somos acima de tudo um clube social, um bom grupo de amigos que tem o mergulho como hobbie. A nossa intenção é visitar o fundo do mar, pelo prazer que isso nos dá.

Como está o mergulho em Portugal?
Temos leis retrógadas, da década de 60, que devem ser revistas. Os meus filhos tiraram o curso aos 15 anos, mas, como em Portugal só se pode ser mergulhador aos 17, tiveram que fazer o exame em Espanha. Obtiveram um cartão internacional, que permitia mergulhar em qualquer parte do mundo, menos no nosso país. Continuamos atrasados nesse aspecto.

O que de mais belo já viu debaixo de água?
Um lavagante enorme, um polvo gordo e uma lula lindíssima (debaixo de água, uma parece uma nave extra-terrestre, com luzes de várias cores).

Onde já mergulhou?
Conheço praticamente toda a costa portuguesa, mas há sempre sítios para explorar. Conheço também quase tudo no Norte e Sul de Espanha. De resto, só mergulhei nas Caraíbas e gostava de o fazer na Austrália.

O estado do rio Cávado não lhe deve ser indiferente...
Nos últimos tempos melhorou significativamente. Parece-me que os cidadãos têm tido mais cuidado com o rio. Lembro-me de em criança fazer praia no rio com os pais, hoje isso é impensável. Continua a haver poluição, mas não tanta como se via há uns anos atrás.

Entrevista

Barcelos Popular
Texto
16 de Abr de 2009 0

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