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"Há falta de civismo da parte de alguns dirigentes, jogadores e adeptos do Campeonato "

Alípio Ribeiro

Presidente do Popular diz que vai aplicar o regulamento.

Alípio Ribeiro põe o dedo na ferida. Há gente que ganha dinheiro numa prova de cariz popular, desvirtuando assim os princípios que deram azo à criação de uma prova onde os jovens barcelenses pudessem praticar desporto. Segundo o presidente da Associação de Futebol Popular de Barcelos, é bem patente a falta de fair-play e há dirigentes de clubes que deveriam ter uma outra actuação. Em vez de incitarem jogadores e adeptos à violência deveriam antes apaziguar os ânimos.


Mais de meia volta do campeonato já está cumprida. Que balanço faz?
Relativamente ao que se passou na época passada, em termos disciplinares e não só, está a decorrer como esperávamos. Aconteceram lamentavelmente algumas agressões a árbitros, enquanto que nesta época e disputadas 15 jornadas, há a registar dois casos de tentativas de agressões. Claro que ficaríamos contentes se nenhum destes casos fosse registado.

Agressões e invasões de campo não deviam acontecer. O que é que pensam fazer?
As sanções estão a ser feitas de harmonia com o que ficou determinado no início de época. As duas situações que ocorreram muito recentemente, nada têm a ver com arbitragens nem com as leis do jogo. São casos isolados, de pessoas e jogadores, de frustrações pelos maus resultados verificados. O árbitro age em conformidade e expulsa os jogadores. O público reage (mal).

O público entra no interior do campo de jogos muito facilmente?
Os campos não são vedados. Existe muita falta de civismo por parte dos adeptos e até de alguns dirigentes. Pedimos no início da época para quer tivessem cuidado no sentido de prevenir e anular qualquer tentativa de invasão de campo.

Mão pesada para estes casos?
Vamos aplicar o regulamento. Em princípio é para ter mão pesada. O que se passou no jogo Fonte Coberta-Águas Santas já foi decidido. Agora, falta decidir o que fazer no jogo Várzea-Carvalhal. O inquérito vai prolongar-se por mais oito dias. Depois sai a decisão. Vamos chamar os clubes, ouvir quem temos de ouvir para depois decidirmos o que é melhor para o Campeonato Popular. Não queremos violência no Popular.

Ouve-se muito que “há equipas a abater”. Por quem e porquê?
Não é verdade. O único caso que se fala é o Várzea. Diz-se que no jogo Carapeços-Várzea, esta última equipa terá sido perseguida. Mas há que dizer que há uma jornada atrás, o Palme sofreu a mesma penalização. Aconteceram insultos aos elementos da associação quando estavam directores por perto, que nada fizeram. A multa foi aplicada mais um jogo de suspensão. Quanto ao Várzea, o guarda-redes foi expulso (e muito bem), e quatro elementos do Várzea vieram para junto dos elementos da associação a insultarem-nos. Os dirigentes do Várzea estavam lá e nada fizeram.

A semana serviu para repensar o campeonato?
Devido à morte do Vítor, decidimos por solidariedade com a sua família parar uma semana os campeonatos. Aproveitamos também para reunir e abordar os casos de violência. Não tem desculpa nenhuma que por uma falta qualquer ou um cartão amarelo, ir atrás do árbitro ou jogadores para os agredir. Isto não pode acontecer.

Vão aplicar o regulamento ao analisar estes casos?
Os critérios são os que constam do regulamento. Se as pessoas não cumprirem sofrem as sanções disciplinares. Podemos até reunir em assembleia-geral para debater tudo isto. Alguém está a mais no desporto. Ou nós, ou os prevaricadores. As pessoas que estão no banco é que têm que dar o exemplo. Não podem incitar à violência, e aqui falo dos dirigentes e treinadores. Muitas das vezes são eles que incentivam à violência, em vez de chamar à razão os jogadores.

Mensagem aos participantes do Popular?
Que tenham calma e que haja desportivismo. O campeonato popular deve ser encarado de forma positiva, de desporto pelo desporto. Há uma coisa engraçada que gostava de referir. A taça  “disciplina” é, para nós, a mais importante e custa o dobro do preço da taça do primeiro lugar.
Fair-play é a palavra de ordem do Popular.

Há gente que ganha dinheiro no Popular?
É verdade. É um fenómeno que está a acontecer. Há treinadores e jogadores que ganham dinheiro neste campeonato. Jogadores e treinadores estão a tirar proveito de uma prova que pretendíamos à margem do lucro. Nós, dirigentes, estamos de segunda a quinta-feira a trabalhar a custo zero. Promovemos uma prova para essas pessoas tirarem proveito de um Campeonato Popular.

A arbitragem tem vindo a ser contestada?
Em seis meses fizemos mais do que nos últimos sete anos. Em casos de formação de árbitros fizemos três acções. Temos gente nova e sabemos que as críticas vão continuar

A morte do jovem jogador do Cossourado leva a pensar que algo deve ser feito?
Este é um problema que iríamos resolver no início da época. Contactámos uma clínica para que os atletas efectuassem exames médicos mas tal não foi possível. Em Dezembro, contactamos a “Fisivida” para acordarmos um protocolo nesse sentido. Neste momento tudo aponta para que se efective e antes de iniciada a época 2008/09 tenham lugar os exames médicos de todos os intervenientes dos vários campeonatos promovidos pela nossa associação.

Quem vai suportar essas despesas?
Os clubes ou mesmo os jogadores. Um exame médico poderá ficar por 8 euros. Este é um assunto que queremos resolver de imediato. A associação e a federação está a pensar efectuar vários jogos onde o apuro será direccionado para a família do Vítor Rosa. Será o jogo da final da Taça Cidade de Barcelos e de um jogo entre uma selecção Inter-concelhias com uma selecção de Barcelos.

Os jogadores têm seguro?
Sim. A família do Vítor vai receber 7.500 euros e a associação vai disponibilizar 5.000 euros. Este dinheiro é proveniente das várias sanções a clubes e jogadores.

Alterações que vão acontecer?
No protocolo que pretendemos que seja cumprido ficará escrito que só jogam nos clubes os jogadores da terra. E só jogam por outros se os seus clubes não os quiserem inscrever. Podem também os clubes de duas freguesias com menos de 600 habitantes juntar-se e formar uma equipa.

Entrevista

Barcelos Popular
Texto
28 de Fev de 2008 0

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