O pai de acolhimento, João Pinheiro, esteve no aeroporto de Lisboa para se despedir da criança e, segundo a imprensa nacional, também o vice-cônsul da Rússia Oleg Sotnikov acompanhou a partida dizendo que “mãe e filha serão seguidas na Rússia para a salvaguarda do bem-estar da criança”. Quanto ao facto de Alexandra não conhecer a língua materna, o cônsul terá garantido que esta terá aulas especiais. A mãe “passará por um processo de reinserção no mercado de trabalho russo”, acrescentou ainda.
Natália Zerubina explicou, ontem, pela manhã, à imprensa que o destino das duas é a aldeia de Yaroslavl, situada a 300 km de Moscovo, onde vive a sua mãe e a sua filha de 16 anos e não tenciona voltar a Portugal. A menina nascida em Braga, no Hospital de S. Marcos, possui toda a documentação russa.

Entrega sob tensão
A entrega da menina foi efectuada, na passada segunda feira, no Centro Distrital de Segurança Social de Braga, sob muita tensão. Populares juntaram-se em frente à instituição protestando e a menina recusou-se a sair da viatura durante mais de meia hora. Depois de muitos gritos, Alexandra foi finalmente entregue à mãe. Num estado psicológico débil, Alexandra seguiu no mesmo dia para Lisboa com o seu cão, que acredita que a vai proteger.

Ontem, João Pinheiro saiu do aeroporto satisfeito por ver a menina já mais bem disposta e, segundo adiantou ao BP, espera, “assim que as coisas acalmarem, visitá-la”. Vai tentar acompanhá-la sempre, mesmo de longe.

O caso já assumiu contornos internacionais, com as imagens da menina a correr o mundo, de tal forma que, nomeadamente, alguns canais russos já mostraram o local onde a menina vai viver.

Decisão  do Tribunal da Relação de Guimarães
A decisão do Tribunal da Relação de Guimarães foi cumprida e, apesar de já se falar na possibilidade de recurso ao Tribunal Europeu, João Pinheiro, garante que, por enquanto, não pretende prosseguir com a batalha jurídica, aguardando o desenrolar da situação na Rússia.

De relembrar que no início do processo, o Tribunal Judicial de Barcelos manteve Alexandra aos cuidados da família de acolhimento. Terá sido a intervenção do Consulado Russo a criar uma reviravolta no caso. Desde o pedido de ajuda ao Consulado Russo, em 2007, aquando da detenção de Zerubina pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a embaixada terá custeado parte das despesas incluindo as viagens para as visitas semanais à filha, que a Segurança Social não podia pagar, por Natália se encontrar ilegal no país.

Durante o julgamento, no Tribunal de Menores de Barcelos, o cônsul terá exigido que a criança fosse devolvida à mãe, afirmando que “a menina é russa e deve ir para a Rússia”. O desfecho foi assim o pior para o casal de Barcelos, mas o assunto promete não cair no esquecimento e fazer correr muita tinta, tanto na imprensa nacional como até na internacional.

Foto: Paulo J. Magalhães